Samba em compasso de espera
As obras de reforma da Marquês de Sapucaí correm o risco de atravessar o samba do carnaval 2012. Prevista para acontecer em 30 de junho passado, a concorrência para a recuperação de nove setores de arquibancadas e da Praça da Apoteose precisou ser
adiada em um mês pela Secretaria municipal de Obras, devido a questionamentos do Tribunal de Contas do Município (TCM). Os conselheiros pediram o detalhamento do orçamento da obra, fixado em R$ 5 milhões. A expectativa agora é que o edital seja aprovado segunda-feira, permitindo que a concorrência ocorra na próxima sexta-feira. Por causa disso, a prefeitura já trabalha com a previsão de início das obras entre 15 de agosto e 1 de setembro. No melhor cenário - se o prazo de execução de 180 dias, previsto na concorrência, for cumprido - os trabalhos terminariam em 15 de fevereiro, dois dias antes do início oficial da folia.
Turno será de 24 horas para tentar evitar atraso
Para tentar contornar o problema, a Secretaria municipal de Obras promete trabalhar ininterruptamente na Passarela do Samba. Segundo o secretário de Obras, Alexandre Pinto, o prazo será encurtado. Ele garante que as intervenções não vão atrapalhar os ensaios técnicos, previstos para começar em janeiro:
- Trabalharemos direto. Se tivermos obra em janeiro, não haverá interferência na circulação das pessoas. Já tivemos uma experiência parecida este ano, quando fizemos a recuperação emergencial da iluminação do Sambódromo antes do carnaval.
De acordo com o site do TCM, o edital de reforma do Sambódromo está sendo analisado desde o início de junho, quando foram enviados à prefeitura questionamentos sobre o documento. Na quarta-feira passada, 20 dias após a data prevista para a abertura das propostas das empresas, a Secretaria de Obras enviou as respostas às exigências. Elas ainda terão que ser analisadas pelos conselheiros em sessão plenária.
A prefeitura espera que o assunto seja incluído na sessão prevista para segunda-feira, liberando a realização da licitação. Mas, segundo o site do TCM, o edital do Sambódromo não consta da ata de assuntos a serem tratados. Para complicar a situação, caso seja retomada a concorrência na semana que vem, ainda será preciso esperar os prazos de recursos previstos em lei para as empresas participantes.
A reforma do Sambódromo prevê a recuperação dos módulos 1, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 11 e 13. Oficinas e bares instalados sob as arquibancadas terão esquadrias de alumínio, revestimentos, além de instalações elétricas e hidráulicas trocados. Já banheiros e cozinhas ganharão áreas maiores, com novas louças e pisos. Os quatro setores considerados especiais, com camarotes, também receberão reparos. O museu e o palco da Apoteose passarão por reforma estrutural, impermeabilização e pinturas interna e externa. Toda a pista do Sambódromo também receberá nova pintura antiderrapante.
A recuperação dos setores antigos acontecerá em paralelo à construção de quatro novos módulos de arquibancadas e camarotes, no lado par da avenida, a cargo da Ambev. A um custo de R$ 30 milhões, essa parte da obra entra numa nova etapa na semana que vem, quando as fundações começarão a ser implantadas, segundo a Ambev. A expectativa é que as novas arquibancadas comecem a ganhar forma no fim de setembro. Segundo a empresa, as peças pré-moldadas dos módulos das arquibancadas serão fabricadas fora do Sambódromo. Já os módulos menores (camarotes) serão fundidos no local, a partir do material de demolição do antigo Setor 2, que está sendo reciclado. Ainda segundo a Ambev, o prazo para a entrega da obra está mantido para 18 de dezembro.
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Castanheira, não quis comentar um eventual atraso na parte da reforma a cargo da prefeitura:
- A previsão é que os ensaios técnicos comecem em 8 de janeiro, uma semana depois do réveillon. Estamos estudando a possibilidade de termos ensaios às sextas-feiras, depois das 21h - disse Castanheira.
Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o Sambódromo foi construído em tempo recorde para o carnaval de 1984, durante o primeiro governo Leonel Brizola: foram quatro meses de obras. O objetivo era dotar a cidade de um equipamento urbano permanente para a exibição do desfile das escolas de samba. Sua inauguração marcou o início do sistema de apresentações do Grupo Especial em duas noites. Naquele ano, Mangueira e Portela dividiram o campeonato, sendo que a Estação Primeira foi considerada Supercampeã do carnaval.
Agora, será realizada a primeira grande reforma do Sambódromo, cuja capacidade pulará de 60 mil para 78.840 lugares. O templo do samba terá destaque também no campo esportivo. O complexo será preparado para sediar a chegada da maratona e das provas de tiro com arco das Olimpíadas de 2016.
Cidade do Samba: início de obras em quatro barracões destruídos por incêndio ainda depende de seguro. Reconstrução sem prazo.
O tempo corre contra o carnaval de 2012 na Cidade do Samba, atingida por um incêndio em fevereiro passado . O início da reconstrução dos quatro barracões destruídos ainda não tem data, segundo o presidente da Liesa, Jorge Castanheira. Isso porque a entidade espera a liberação do seguro do complexo, que vai custear as obras, orçadas em R$ 25 milhões. A execução ficará a cargo da Delta Engenharia, que ergueu os galpões entre 2002 e 2005.
De acordo com Castanheira, a Liesa já considera praticamente impossível que o barracão da Grande Rio, o mais afetado pelo incêndio, fique pronto a tempo do carnaval, já que terá que ser reconstruído. A estimativa é que a recuperação dos barracões da Liesa, da Portela e da União da Ilha seja concluída em 90 dias, a contar da ordem de início.
A Liesa já tem um plano B para acomodar as 13 escolas do Grupo Especial. Grande Rio continuará a usar o barracão 7, emprestado à escola após o incêndio. Portela e União da Ilha, que usam tendas do lado de fora da Cidade do Samba, transferirão as alegorias para os barracões, assim que eles ficarem prontos. Já a Renascer de Jacarepaguá será acomodada no barracão da Liesa, logo depois da reforma.