Em dezembro de 2009, o padre Marcelino Modelski, pároco da Igreja de São Jorge, em Quintino, procurou o arcebispo Dom Orani João Tempesta. Estava preocupado. No calendário litúrgico, a data dedicada ao santo guerreiro em 2011 era o Sábado de Aleluia, momento de vigília para a Páscoa. Pela tradição, não são realizadas missas nesta data. O que fazer com a festa do santo que atrai milhares de fieis todos os anos?
— O arcebispo me disse: "Por que fechar a igreja? Vamos deixar o povo rezar". Minha reflexão é temos que acolher as pessoas chamadas ao encontro com Deus através de São Jorge. Dom Orani liberou a festa, mantendo a liturgia do sábado santo — explica o padre.
Para manter a tradição da festa do santo guerreiro, sem desrespeitar a liturgia da Páscoa, as paróquias fizeram adaptações!. Em Quintino, não haverá missas tradicionais durante o dia. Mas Celebrações da Palavra, com orações às 5h, 7h, 8h, 9h, 10h, 11h, 13h, 14h, 15h, 16h, e bênção aos fieis com água benta. Às 17h30, será realizada a Vigília Pascal. E só então a procissão de São Jorge.
As barraquinhas e o tradicional angu estão mantidos. E a festa ainda terá uma grande novidade: CDs com o hino a São Jorge, na voz de Alcione, e com a história do santo guerreiro na voz do padre Marcelino, vendidos a R$ 10 e um novo modelo de camiseta a R$ 20.
- Brinquei aqui na igreja que os devotos não conheciam o hino a São Jorge. A delegada Márcia Julião, que estava na missa, convidou Alcione, que é amiga dela para cantar. Ela vai fazer 5 mil CDs - conta o padre, que está recolhendo donativos para a festa.
A Igreja da Rua da Alfândega estará aberta a partir das 4h para receber os fieis e haverá orações de 8h às 16h.
Em Duque de Caxias, a Vigília Pascal será celebrada de manhã. Logo em seguida, a programação segue como nos anos anteriores. Haverá missas às 5h, 9h, 12h, 16h e 19h, quando acontece a procissão luminosa. Às 17h, chegarão cavaleiros, amazonas e motociclistas, como reza a tradição da data.
— O bispo (Dom José) recorreu a uma prática da igreja antiga, antes do Concílio Vaticano II (conferências em que se discutiram e redefiniram várias questões da igreja nos anos 60), em que se celebrava o Aleluia na manhã de sábado. Celebraremos ao alvorecer a Proclamação do Aleluia e, logo depois, a missa da alvorada — explica o padre Atanael, da Igreja de São Jorge, em Caxias.
Devotos como o militar Wilson dos Santos, de 60 anos, um dos organizadores do tradicional angu servido em Quintino, comemoraram a decisão:
— A gente vive em prol dessa festa o ano inteiro.
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