Veterano do Carnaval ensina segredos para mulher na Grande Rio
Até parece parte do enredo da Grande Rio, ‘Eu acredito em você! E você?’ —, e de certa forma não deixa de ser. Lá se vão cerca de três anos desde o dia em que Mestre Ciça bateu o martelo, ou melhor, o surdo, e apostou que aquela chocalheira de sorriso fácil e amável seria seu braço direito. Desde então, Janaine Conceição Pereira da Silva, a Tuca, 27 anos, só fez evoluir na bateria — agora também à frente dela — da Tricolor de Caxias.
Tuca é a única mulher entre os 12 diretores da bateria de Mestre Ciça. E, mais do que isso: é a, digamos, ‘diretora-executiva’ dos 320 ritmistas da ‘Invocada’. E suas habilidades na área musical não são menores. Comanda a ala de chocalhos e, aos poucos, vem sendo preparada pelo ‘padrinho’ para ser uma das primeiras mestras de bateria do Carnaval carioca.
Responsável pela bateria da Grande Rio ensina segredos para sua pupila | Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
“Se o Brasil pode ter uma presidenta, por que não pode ter uma mestra?”, aposta Ciça. Em 30 anos de carreira como mestre de bateria, ele nunca delegou tanto a uma mulher. “Com ela, fico tranquilo. Mulher é mais responsável. É durona, de confiança, e aprende muito comigo e os diretores. Quando a bateria está tocando, a gente se olha e sabe: não podemos errar”, destaca Ciça.
O crédito é correspondido por Tuca. Seja na organização dos shows ou conferência de pagamentos, uniformes, fantasias e instrumentos. Ou quando chama às falas a turma da ‘Invocada’. Isso sem falar no carinho pelo mestre. “Ele é meu segundo pai”, derrete-se a diretora, que não esconde o sonho de ser mestra. “Eu tenho vontade, mas é algo para o futuro. Tenho que aprender mais”, reconhece a jovem, que ajudou a comandar a ‘Invocada’ no ensaio técnico da Grande Rio na Marquês de Sapucaí no dia 22.
E antes que alguma má língua vá chocalhar futricas por aí, mestre e aprendiz deixam claro: são amigos. E nada mais. Tuca é casada com o ritmista Alexsandro, mamãe de Isabela, de sete meses. E Ciça, que vai ser vovô em breve, também.
Vida no ritmo dos batuques
Desde 2006, a bateria da Grande Rio dá tom na vida de Tuca, moradora de Belford Roxo louca para comprar um ‘cantinho’ em Duque de Caxias, claro. Naquele ano, ela passou em frente a um ensaio da ‘Invocada’ e ficou maravilhada. Pediu ao antigo mestre, Odilon, para tocar. Após ensaios e aprendizado, acabou chocalheira.
Foi na bateria também que conheceu o marido, Alexsandro, 24 anos. O ritmista diz que não é ciumento, mas “fica de olho” ao ver Tuca no meio de 280 marmanjos. E aposta no futuro da amada como mestra: “Já disse que nossa filha vai ser repique da bateria dela”, sentencia.
‘Tem que encarar o medo’
Apito na boca, braços para alto em gestual variado, ouvidos atentos e olho no ‘mestre’. Tuca é disciplinada, mas reconhece que deu frio na barriga quando Ciça lhe avisou, no ensaio técnico, que ia entrar pelo meio da bateria e ela ficaria à frente da ‘Invocada’. “Tive medo, não vou mentir. Mas mulher é corajosa para um monte de coisa e tem que encarar, ter coragem. Tem barreiras para quebrar”, afirma Tuca, eleitora da presidenta Dilma Rousseff.
Tuca é meiga e simpática, mas leva suas funções a sério e acabou conquistando respeito e carinho. A atriz Ana Furtado, rainha da bateria, aprova a diretora. “Ela tem a doçura da mulher e a força de um gigante”, elogia a bela.
fonte: o dia na folia
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