Em ritmo de desfile oficial, a Imperatriz Leopoldinense concluiu a sua temporada de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí. Agora a escola de Ramos só volta a pisar na Avenida no próximo domingo, dia do desfile oficial da verde-e-branca. Na noite deste sábado, a escola aproveitou o sistema de som em toda a Avenida para treinar o canto de seus componentes e acertar alguns detalhes na evolução e na harmonia. O Sambódromo estava lotado para acompanhar as duas escolas de samba desta noite, Imperariz e Beija-Flor. Boa parte dos camarotes já estava ocupado, o que deu um clima a mais de carnaval.
Assim como costuma acontecer nos desfiles oficiais, a comissão de frente da agremiação da Leopoldina chegou ao quarto e penúltimo módulo de jurados com 40 minutos de ensaio. Normalmente, durante os treinos técnicos a evolução das escolas costuma ser mais rápida, porém a Imperatriz preferiu manter um ritmo mais lento, uma oportunidade para os componentes aproveitarem o momento. Os integrantes entenderam o recado e defenderam bem o samba-enredo "A Imperatriz Adverte: samba Faz Bem à Saúde!".
- Hoje testamos o entrosamento entre bateria e canto e se os componentes estão cantando. Na minha avaliação foi positivo. A Imperatriz tem tudo para fazer um grande desfile. Estamos testando as alegorias: tirando elas do barracão e colocando pulando gente em cima. Tudo para que não se repita o que aconteceu com nosso abre-alas em 2010 - disse Wagner Araújo, diretor de carnaval.
Grupo responsável pela abertura do ensaio, a comissão de frente, coreografada por Alex Neoral, mudou um pouco a dança apresentada no primeiro ensaio, em janeiro, quando a comissão de frente pareceu fazer um ritual na pista.
- Com relação ao outro ensaio, o que apresentamos hoje foi algo mais próximo da coreografia oficial. Minha comissão terá 15 membros. Oito mulheres e sete homens. Alguns são bailarinos, outros são atores e também tenho acrobatas. Vamos usar mais de um elemento de apoio no dia do desfile. Infelizmente não posso dar mais detalhes - explicou o coreógrafo.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Phelipe Lemos e Raphaela Teodoro, estreante na escola, se apresentou ainda no primeiro setor. Os dois optaram mais uma vez por treinar fantasiados. Na apresentação para a quarta cabine de júri, eles precisaram enfrentar um pouco de vento. Mesmo com a adversidade climática, a dupla mostrou tranquilidade e alegria, parecendo bem à vontade.
- Fizemos a coreografia oficial hoje. Tem que ser assim, até para marcarmos o tempo dela. Estamos ensaiando duas vezes por semana com a fantasia do desfile. Hoje fiquei um pouco emocionado no início do ensaio, mas depois relaxei. A escola está nos abraçando e recebendo muito bem - contou o mestre-sala.
- Achei que este ensaio foi bem melhor que o outro. Tive um pequeno problema com a minha saia, mas nada que tivesse me atrapalhado. Esta fantasia (de 2010) é muito pesada e não foi feita para o meu corpo. A deste ano sim, me deixa mais segura e confortável para mostrar o meu potencial - revelou a porta-bandeira.
Ciente de que tem um bom samba-enredo, mas que precisa ser cantado a plenos pulmões no desfile oficial, a diretoria de harmonia espalhou vários diretores nas laterais da pista. A missão deles era incentivar o canto daqueles componentes mais distraídos. A todo momento era possível ver a movimentação desses diretores, que também ficaram atentos na correta evolução dos integrantes, para que não se formasse buracos ou mistura de alas.
A bateria fez bem a sua parte. Cada vez mais entrosados com o intérprete Dominguinhos do Estácio, os ritmistas de Mestre Marcone ousaram em diversos momentos, quando executaram paradinhas curtas e um pouco mais longas. A bateria não teve problemas nem para entrar nem para deixar o segundo recuo. As manobras foram executadas com perfeição, sem dar chance para o azar. Os ritmistas saíram do segundo box aos 68 minutos, encerrando o ensaio técnico da Imperatriz.
- Achei o ensaio de hoje perfeito, maravilhoso. O samba está crescendo de uma maneira surpreendente e tenho o melhor mestre de bateria do carnaval carioca. O entrosamento entre canto e bateria está perfeito - afirmou Dominguinhos do Estácio.
Luiza Brunet, rainha de bateria da verde-e-branca, chegou ao Sambódromo no momento em que era cantado o esquenta, o samba-enredo "Liberdade, Liberdade. Abre as Asas sobre Nós", do carnaval de 1989. Ela entrou na pista pelo segundo recuo de bateria e caminhou até o primeiro box, onde seus súditos já aqueciam os surdos, repiques, caixas, tamborins, cuícas, chocalhos... Sempre comportada, Brunet vestia uma saia prateada, mostrando a barriga sarada.