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terça-feira, 10 de julho de 2012

CONFIRA A SINOPSE DO ENREDO DA VILA ISABEL PARA O CARNAVAL 2013


foto: Diego Mendes
 A escola de samba Unidos de Vila Isabel entregou a sinopse do enredo "A Vila canta o Brasil celeiro do mundo - água no feijão, que chegou mais um...", de autoria de Rosa Magalhães, do historiador Alex Varela e Martinho da Vila, aos compositores que participarão da disputa de samba-enredo da agremiação.
 O tema, que será desenvolvido pela carnavalesca Rosa Magalhães, exaltará os agricultores da nossa terra em todos os âmbitos. Desde sua religiosidade, crenças, tradições festivas até sua musicalidade.
"Daqui sairá um grande samba", opinou Rosa Magalhães.
"É bom as co-irmãs tomarem cuidado. Nos dedicaremos a um dos melhores enredos do nosso Carnaval nos últimos 4 anos. E ele tem a cara da Vila! Não será brincadeira", completou o compositor Tunico Ferreira, filho de Martinho da Vila, que assim como o pai, é fiel à azul e branca.
 O compositor Eduardo Katata, que há 10 anos participa das disputas de samba realizadas na escola, também não poupou elogios ao tema.
"É maravilhoso, de fato, e muito bom para o compositor. Colocaremos nossas cabecinhas para trabalhar a partir de agora e, estou seguro, em breve teremos acesso a excelentes obras", garantiu.
 A sinopse foi explanada por Rosa e por Alex Varela, nesta segunda-feira, 9 de julho, e novos encontros para esclarecimentos de dúvidas também acontecerão nos dias 31 de julho e 7 de agosto, das 20h às 22h, no barracão da escola, na Cidade do Samba.
 As composições deverão ser entregues no próximo dia 16 de agosto, a partir das 20h, na quadra de ensaios da azul e branca. As parcerias terão que apresentar 30 cópias da letra do samba e 2 CDs com o áudio da obra.
Confira a sinopse na íntegra:
AUTORES DO ENREDO: ROSA MAGALHÃES, ALEX VARELA E
MARTINHO DA VILA
TÍTULO DO ENREDO: A VILA CANTA O BRASIL CELEIRO DO MUNDO - "ÁGUA NO FEIJÃO, QUE CHEGOU MAIS UM..."
SINOPSE DO ENREDO
O trabalho no campo é fruto de muito suor, dedicação e amor 
pela terra, os quais permitiram que o Brasil se tornasse um destaque na
agricultura mundial, caminhando a passos largos para a condição de
principal país agrícola do planeta.
Essa dedicação às atividades rurais gera milhões de empregos e
riquezas, colaborando para a grandeza do nosso país. A prosperidade
nacional se deve aos milhões de homens, mulheres e jovens que se dedicam
ao cultivo de nosso solo fértil.
O brasileiro tem fama de ser hospitaleiro e cordial. É bem verdade
que um cafezinho já serve pra quebrar o gelo nas reuniões, pra esticar
uma conversa, na mesa, depois da refeição. E aquela visita inesperada ou
convidado de última hora, sempre é bem-vindo. Afinal de contas, onde
come um comem dois, ou sempre podemos botar "água no feijão, que
chegou mais um...". (Jorginho do Império)
A natureza generosa nos dá o feijão nosso de cada dia, o trigo do pão
também, e o milho de fubá, e o arroz, e a cebola pra temperar, o alho, e a
mandioca para fazer farinha, pra acompanhar...
"No recanto onde moro, é uma linda passarela
O carijó canta cedo, bem pertinho da janela
Eu levanto quando bate o sininho da capela.
E lá vou pro meu roçado, tendo Deus de sentinela
Tem dia que meu almoço, é um pão com mortadela,
Mas lá do meu ranchinho, a mulher e os filhinhos,
Tem franguinho na panela" (Lourenço e Lourival)
"Que vidinha simples, que vidinha boa
A bóia é sagrado frango e quiabo
Acompanhado de ovo caipira, arroz e feijão
Depois do almoço sem muito esforço
Encosto meu corpo no barracão". (João Carneiro e Capataz)
Esse mundo natural pródigo é o orgulho do país. Da terra vem a
riqueza da nação. É do solo que nasce o engrandecimento da pátria. É
dos produtos oferecidos pelos seus verdes lindos campos que conseguirá
progredir. Portanto, é das suas terras, imensas e extensas, que a providência
divina ofertou, que virá a sua transformação em celeiro agrícola da
humanidade: a maior região produtora, fornecedora e abastecedora de
alimentos do planeta terra.
E quem será o responsável por cuidar do seu solo fértil? O agricultor,
esse trabalhador extraordinário, arrojado, competente, que tem na terra o
seu precioso bem. O homem do campo terá a missão de torná-la próspera,
inseri-la no concerto das nações civilizadas, ampliando os cultivos, sem
jamais destruir a natureza, os verdejantes bosques. Dos produtos agrícolas,
virá a transformação do Planeta Faminto, num mundo de mesa farta e
sonhos possíveis.
"Enquanto uns fazem guerra
Trazendo fome e tristeza,
Minha luta é com a terra
Pra não faltar pão na mesa" (Joel Marques e Maracaí)
"Mulher, você vai gostar
To levando uns amigos pra conversar
Eles vão com uma fome que nem me contem,
E vão com uma sede de anteontem,
E vamos botar água no feijão..." (Chico Buarque)
Eis a terra sustentável por natureza, e que pode ser mais. Afinal, aqui
por estas bandas... "tudo que se planta dá". Mas com o pensamento voltado
para as necessidades dos comensais do grande banquete diário e os anseios
do planeta onde vivemos, sem afetar as possibilidades de onde viverão os
nossos filhos e netos, aproveitando com inteligência, cada palmo deste
chão. Multiplicai os alimentos, mas sem ampliar as áreas de cultivo!
"Eu tenho um coqueiro grande que só dá coquinho...
Quando eu quero um coco grande, tem que ser do coqueirinho...".
Tamanho nem sempre é documento. Precisamos aprender com o
coqueirinho, a aproveitar cada centímetro da plantação, produzindo mais,
com astúcia. Para não desgastar os solos, a solução é o plantio feito na
palha de culturas anteriores!
Várias etnias se agregaram às três raças formadoras da nação
- o branco, o negro e o índio - para formar a nossa tradição agrícola.
Imigrantes, como os alemães, os japoneses, e os italianos, e outros em
menores grupos, se dedicaram igualmente à agricultura.
Assim como a agricultura, a música do campo é a origem do Brasil.
"moda bem tocada é aquela que desperta em nós uma saudade que
agente nem sabe do quê...".
O som da viola canta a música do campo e conta a história daqueles
que vivem da terra, que lutam, que prosperam e fazem o país crescer.
A moda de viola trás a saudade dos tempos de outrora, mostra a vida
cantada em versos simples e retrata a obra magnífica do homem do campo,
do agricultor que com afinco, dedicação e conhecimento transforma a terra
em riqueza.
Segundo Câmara Cascudo, "somos filhos de raças cantadeiras e
dançarinas", o que ajudou na estruturação da música do campo.
O violeiro é aquele que por instinto lê os sinais da natureza e os
interpretam. Tem na sentimentalidade a bússola com que se orienta no
mundo. É um artista que, nas asas da tradição, canta querências e saberes
poetizados.
"passo por cima das nuve
Esbarrando no trovão
Danço no meio da chuva
Bem no meio do clarão..." (Lourival dos Santos e Priminho)
A primeira fábrica de viola nasceu na fazenda Córrego da Figueira,
em Campo Triste, fábrica de viola da marca Xadrez.
"Na Fazenda Figueira
O Dego e o seu irmão
Entraro na mata virge
A procura de madera
Pra fazê uma viola
E já fizero a primeira" (Antonio Paulino)
"Esta viola vermelha
Cor de bandeira de guerra
Cor de sangue de caboclo
Cor de poeira da terra". (Tião Carreiro e Jesus Belmiro)
"O som da viola bateu
No meu peito doeu meu irmão
Assim eu me fiz contador
Sem nenhum professor". (Peão Carreiro e Zé Paulo)
"Ai, a viola me conhece
Que eu não posso cantá só
Se eu sozinho canto bem
Em junto canto mió" (Carreirinho)
"Minha viola
Ta chorando com razão
Por causa duma marvada
Que roubou meu coração". (Noel Rosa)
O mundo da música é o da alma humana, e esta, na cidade ou no
campo, não tem limite. A poesia se entrelaça com as paisagens, e as
paisagens com os sentimentos.

"O rio Piracicaba vai jogar água pra fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora
Pertinho da minha casa
Já formou uma lagoa
Com lágrimas dos meus olhos,
Por causa de uma pessoa". (Lourival dos Santos, Tião Carreiro, e
Piraci)
"Eu fiz promessa
Pra que Deus mandasse chuva
Pra crescer a plantação".
O povo recorre a promessas quando a chuva não vem. Neste caso, a
promessa foi paga com três pingos...
"Um, foi o pingo da chuva,
Dois caiu do meu oiá". (Raul Torres e João Pacífico)
Até os santos ficam de castigo, sendo trocados de Igreja, talvez pra
prestarem mais atenção pros problemas do campo.
"São José de Porcelana foi morar
Na matriz da Imaculada Conceição
A Conceição, incomodada,
Vai ouvir nossa oração
Nos livrar da seca, da enxurrada
Da estação ruim.
Barromeu pedra sabão vai pro altar
Pertence a estrela mãe de Nazaré
A Nazaré vai de jumento
Pro mosteiro de São João
E o evangelista, pra basílica de S. José
Se a vida mesmo assim não melhorar
Santo que quiser voltar pra casa
Só se for a pé". (Chico Buarque)
Os animais e as plantas também são assuntos recorrentes das modas
de viola.
"Canta, canta Bem-te-vi
Pra mim ouvir
Canta, canta sabiá
Pra me consolar" (Alvarenga e Ranchinho)
"Quero ouvir a siriema
Cantar por ti, Iracema
No nosso jardim em flor". (Mario Zan)
"Comprei um casco chapeado
Uma baldrana macia
Um colchonilho dos brancos
Pra minha besta rosia
Um peitoral de argolinha
E uma estrela que bria
Fui dá uma passeio em Tupã
Só pra vê o que acontecia". (Anacleto Rosas Júnior e Arlindo Pinto)
A música do homem do campo tomou grande impulso de divulgação
nos anos vinte do século passado, graças as primeiras gravações. Hoje, a
música é divulgadíssima. São realizados grandes shows. Os temas também
evoluem, as técnicas de plantação também se sofisticam, mas a alma que os
embala é a mesma, a alma caipira e brasileira.
"Baile na roça, meu bem, se dança assim,
Pego na cintura dela e ela tarraca em mim
E o sanfoneiro toca, toca alegria,
Vamo, vamo minha gente até o clarear do dia
Dança, dança com a morena, dança, dança, com a loirinha,
Começa o baile na tuia e termina na cozinha.
Viva o baile da roça, viva a noite de S. João
E o povo brasileiro conservando a tradição". (Tunico e Tinoco)
Hoje, o samba, homenageia o agricultor! Os sambistas celebram e
eternizam esse personagem de real valor! A viola se junta aos pandeiros,
chocalhos e surdos de primeira, para unir a cultura do sambista com a
do homem do campo, numa grande festa de celebração da colheita. E,
neste palco iluminado, por confetes e serpentinas, a Vila de Noel e de
Martinho vem homenagear essa figura notória, original e bem brasileira: o
agricultor. Ele merece o nosso respeito!!! É o agricultor brasileiro ajudando
a alimentar o mundo!!!
Autores do Enredo: Rosa Magalhães (Carnavalesca), Alex
Varela (historiador) & Martinho da Vila.
fonte: srzd carnaval

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