Na época, eram comuns os sambas conhecidos como lençóis, ou seja, de letras extensas, palavras complicadas e sem um refrão marcante. Aí veio Zuzuca e emplacou "Pega no ganzê", no desfile do Salgueiro de 1971, com o enredo "Festa para um rei negro". No pré-carnaval o samba já era um sucesso, e não era difícil prever que ele embalaria a vermelho e branco da Tijuca para mais um título.
A partir dali, as escolas passariam a se preocupar mais com os refrãos e em trazer sambas que empolgassem o público. "O samba foi muito criticado na época", lembra Zuzuca, "mas quanto mais falavam mal, mais ele crescia. Criavam paródias, letras diferentes para a melodia, era uma festa".
Zuzuca conta que não tinha a intenção de mudar o formato dos sambas-enredo: sua preocupação era fazer uma obra que agradasse aos salgueirenses no terreiro, desde a primeira apresentação na quadra. "Acabei puxando minha memória, trazendo um samba tipo reizado, com uma melodia que remetia às festas do interior. Mas ele acabou se transformando num samba explosivo, de arrastão".
O compositor, que vive da música até hoje, com quase 300 canções no currículo, é autor de sucessos como "Vem chegando a madrugada", "Tengo tengo" e "Amores célebres". Mas diz que não faz mais samba-enredo. "Tem uma hora em que a gente sente que nossa pegada é diferente. A bateria de hoje é muito para frente, ela nem consegue tocar os sambas de antigamente".
Zuzuca, que chegou ao Salgueiro em 1962, será um dos homenageados do "Carnaval histórico", na grande festa do Imperator, no dia 30 de janeiro. "Estarei lá, feliz da vida. É muito bom ser homenageado a essa altura da vida", diz o sambista, de 75 anos.
fonte: jornal extra
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