Intérpretes faturam com eliminatórias

 O carnaval é só em março, mas esta época do ano é a mais interessante para muitos intérpretes. É que as eliminatórias de samba-enredo começam a movimentar as quadras das agremiações de todos os grupos e os cantores aproveitam a temporada para "soltar o gogó" e faturar um pouco mais. Entre as gravações e as apresentações das obras concorrentes, alguns cantores deixam suas vozes registradas em até dez agremiações diferentes. Tem que ter pique e responsabilidade para conciliar os compromissos e não prejudicar uma parceria.
  Mais voltado para outro projeto profissional, este ano, Bruno Ribas, intérprete oficial da Unidos da Tijuca, gravou "apenas", como ele próprio destacou, para quatro parcerias de escolas diferentes: Beija-Flor, Mangueira, Mocidade e Alegria da Zona Sul. O cantor também está defendendo samba em São Paulo.
  - É a alta temporada, quando o intérprete tem um ganho extra e mostra mais o seu trabalho para um público maior, pois comparece a várias quadras - contou Bruno.
  Envolvido nas eliminatórias de cinco agremiações do Grupo Especial (Imperatriz Leopoldinense, Mangueira, Mocidade, Portela e Beija-Flor), encontrar espaço na agenda de compromissos de Luizinho Andanças, cantor oficial da Porto da Pedra, nas noites de sábado até outubro é tarefa pra lá de complicada. Embora seja cansativa essa rotina compensa, segundo ele.
  - É a época do ano que apresentamos o que sabemos, que é cantar. A rotatividade nas quadras é grande, cada escola tem um ambiente e estilo diferente. Estou cantando na Mangueira pela primeira vez - disse Luizinho, que também defende obras na Santa Cruz, Vila Kennedy e agremiações paulistanas. - É gratificante quando a gente faz o que gosta e ajuda aos outros. Às vezes durmo pouco, mas sinto falta quando acaba.
  Uma das revelações do carnaval carioca, Zé Paulo, cantor da Mangueira com Luizito e Ciganerey, é requisitado no "quesito" defender samba-enredo. Este ano ele se divide entre Unidos da Tijuca, Salgueiro, Beija-Flor, Rocinha, Estácio, Viradouro, Alegria, Caprichosos, Império de Casa Verde (São Paulo) e uma escola capixaba.
  - Além da evidência do nosso trabalho, cada escola tem o seu estilo. É uma época boa pra ganhar dinheiro. Tem dias que defendo dois sambas, varia de acordo com a distância entre as quadras e o sorteio da ordem de apresentação das parcerias. Quando há choque de horário, dou preferência para quem me contratou primeiro - afirmou Zé Paulo.
  Wantuir, intérprete oficial da Grande Rio, é voz marcante nas eliminatórias de samba-enredo nos últimos anos, principalmente nas finais. Em 2010 não está sendo diferente. Pelas contas dele, durante a entrevista, nesta temporada já são 15 sambas gravados, incluindo agremiações de São Paulo. No Rio há sambas concorrentes com o "estilo Wantuir de cantar" em escolas como Mangueira, Beija-Flor, União da Ilha, Imperatriz, Mocidade e Portela.
  - Somos cantores de samba-enredo, mas não somos caracterizados como artista. Esse momento é interessante porque passamos a conviver com pessoas de outras escolas, que prestam atenção no nosso trabalho, mesmo o cantor não sendo do Grupo Especial - destacou Wantuir, que arrumou as malas para a Inglaterra, onde no final de agosto cantou no carnaval londrino.